quinta-feira, 14 de maio de 2009

..." MÃES MÁS"...

Um dia, quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes:

Eu os amei o suficiente para ter perguntado: onde vão, com quem vão e a que horas regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram da mercearia e os fazer dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar”.

Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês duas horas, enquanto limpavam o seu quarto; terefa que eu teria realizado em 15 minutos.
Eu os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.
Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.

Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes NÃO, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso.
Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.
Estou contente, venci...porque no final vocês venceram também!

Qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais e as mães, meus filhos vão lhes dizer quando eles lhes perguntarem se a sua mãe era má: “Sim...Nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos de comer cereais, ovos e torradas. As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. E ela obrigava-nos a jantar à mesa, bem diferente das outras mães, que deixavam os filhos comerem vendo televisão. Ela insistia em saber onde nós estávamos a toda hora. Era quase uma prisão. Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. Insistia que lhe disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos só uma hora ou menos.

Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela “violou as leis de trabalho infantil”. Nós tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo...Ela insistia sempre conosco para lhe dizermos a verdade, e apenas a verdade. A nossa vida era mesmo chata. Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que nós saíssemos. Tinha que subir, bater à porta para ela os conhecer.

Enquanto todos podiam voltar tarde à noite com 12, 13 anos, nós tivemos de esperar pelos 16 para chegar mais tarde e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa(só para ver como estávamos ao voltar).
Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, com roubos, atos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. Foi tudo por causa dela.

Agora, que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos “pais maus”, tal como a nossa mãe foi. Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje:” NÃO HÁ SUFICIENTES “MÃES MÁS”...


(colaboração de uma mãe da FEBRAE).

2 comentários:

  1. Digitei no google algumas palavras para procurar um texto(sou professora), acabei entrando neste site! Comecei salvando o texto que queria "Pais querem paz em casa; filhos querem os pais" que usarei em uma prova, logo depois observei que havia outros tópicos de textos e ainda na função de professora encaro este que é o reflexo de minha mãe!!!Poxa como achava minha mãe má, muito má! E só hoje, adulta, percebo o quanto essa "maldade" foi benéfica para minha vida!!! Amei o texto e amo a minha mãe!!!

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