terça-feira, 26 de junho de 2012

Família e Dependência Química

Segundo Eduardo Kalina, psiquiatra argentino, conhecido como grande líder no combate às drogas, “ a entrada no mundo das drogas significa, em termos gerais, uma mudança ideológica que, em muitos casos, não é mais  do que colocar em evidência aspectos psicopáticos da personalidade, latente até este momento, ou que estavam canalizadas, principalmente na área dos transtornos da conduta”.

Inúmeras são as causas da violência que vêm preocupando e desafiando toda a sociedade. Uma delas, sem dúvida alguma, é o vício do álcool e outras drogas. É cada dia maior o número de jovens e adolescentes que, na ilusão de encontrar a liberdade, acabam encontrando nesse vício a mais cruel e destrutível das prisões.

O ser humano tem o dom de buscar e reencontrar o caminho da vida, por mais distante que esse lhe pareça. Os primeiros passos nessa direção, estão na auto-estima e na vontade de viver.

Essa constatação vem da nossa experiência de vários anos trabalhando na recuperação de famílias e seus adictos.

A proposta do Programa Amor-Exigente, está respaldada em doze princípios, os quais levam o indivíduo a assumir novos comportamentos e atitudes. 

Acreditamos que a solução está na família. É muito importante que os pais entendam que adolescentes e jovens, hoje, estão usando álcool e outras drogas de maneira assustadora. Os pais precisam estar atentos ao comportamento de seus filhos aos sinais que são enviados sutilmente e que muitas vezes não entendemos.

Você pai, sabe quem são os amigos de seu filho? Os ambientes que ele freqüenta? Seu filho mudou o seu comportamento, sua linguagem, oscilações de humor, apetite, apatia, agressividade, rendimento escolar?

Os sintomas e sinais  são gradativos, e por isso, os pais vão se acostumando às mudanças e jogando tudo sobre o fator “ adolescência”. E quando acordamos, talvez a coisa já esteja num estágio progressivo a ponto de uma dependência.

Quando alguém da família está drogado, toda a família fica abalada. O dependente químico é um doente e a família vem a sofrer da codependencia, adoecendo junto.

Quem então deveria buscar tratamento?

O dependente químico só o fará (em alguns casos), quando entrar em um nível de comprometimento já insustentável. Antes disso ele estará se sentindo “numa boa” e será difícil obter a sua colaboração.

A principal característica da família do drogado é a insegurança, a impotência e o desnorteamento. Então, em primeiro lugar,  quem deve buscar ajuda é a família. Pais, irmãos, parentes, todos devem ser tratados primeiro, adquirir força para enfrentar a situação e evitarem as manipulações do adicto. Todos passarão a falar a mesma linguagem. Com essa atitude estaremos então, começando a curar o dependente “por procuração”. Estaríamos, de forma indireta, alcançando o dependente e dando à ele a nossa verdadeira ajuda.

O usuário de droga tem medo de fazer qualquer tipo de tratamento. Apenas no momento em que ele percebe mudanças a sua volta, nos seus familiares, em sua casa, ele começará a sentir, gradativamente o desejo de saber o que está acontecendo.

É importante que cada membro da família esteja empenhado (corretamente) na recuperação do adicto. Nem sempre se consegue a adesão e comprometimento de todos os familiares, mas a cada um que se empenhe, melhora as chances de um caminho de volta. O ideal seria que tratássemos a família antes de manifestada a dependência. Mas, infelizmente a nossa educação ainda não está voltada para a prevenção de problemas. Depois que um ladrão entra em casa é que a maioria de nós põe tranca nas portas e assim continuaremos sempre correndo atrás dos prejuízos.

Quando uma família vive em harmonia, em equilíbrio, fazendo valer os verdadeiros valores que regem o bom entrosamento e interação de todos os seus membros, estará livrando dos tóxicos os seus filhos e proporcionando-lhes melhor qualidade de vida. 

colaboração dos coordenadores do Programa AE em Londrina)

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